A Odebrecht Engenharia e Construção, braço de construção civil da holding Novonor (antigo Grupo Odebrecht), entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (27).
A dívida da empresa é estimada em US$ 4,6 bilhões, cerca de R$ 25,4 bilhões na atual cotação do dólar.
Em nota, a empresa ressalta o início de uma “etapa formal para a reestruturação de passivos e viabilização de aporte de caixa”. (veja a íntegra no fim do texto)
“A iniciativa visa permitir o equacionamento da dívida e, ao mesmo tempo, incrementa seu fluxo de caixa dentro de um contexto favorável de retomada dos investimentos no setor de infraestrutura e construção pesada, que já se reflete no novo ciclo de crescimento da companhia”, diz o texto.
O plano de recuperação judicial, com o detalhamento das informações, será apresentado em até 60 dias.
A OEC possui, atualmente, 31 obras ativas, sendo 21 no Brasil e outras 10 no exterior e empregando mais de 15 mil pessoas. A empresa destaca que a recuperação está restrita aos negócios brasileiros.
Lucas Cive, diretor financeiro da OEC, afirma que o foco da recuperação é reestruturar os US$ 4,6 bilhões em passivos financeiros e operacionais, “além de operações antigas dentro do mesmo grupo”.
A empresa também negocia um financiamento que pode chegar a R$ 650 milhões, por meio de um mecanismo conhecido como “DIP Financing (debtor-in-possession)” . Trata-se de um aporte de caixa que ocorre em ambiente protegido sob supervisão judicial.
Em nota, a OEC diz que esse financiamento será destinado para:
• Equacionar o endividamento existente;
• Reforçar o fluxo de caixa da OEC;
• Fomentar suas atividades, com a injeção de liquidez para financiar projetos, obter garantias e assegurar capital de giro para viabilizar a conquista de novos projetos.
A companhia também afirma que, tendo em vista negociações prévias que foram feitas com os principais credores da empresa, “a recuperação judicial poderá ser implementada de forma mais célere e controlada, em prazo inferior àquele usualmente necessário em iniciativas desse porte”.
A Odebrecht Engenharia e Construção é uma empresa de capital fechado, controlada pela holding Novonor (antigo Grupo Odebrecht). Além da Odebrecht Engenharia e Construção, a Novonor controla ou tem participação em empresas como Braskem, Horiens e Nova Infra Invest.
A OEC é, portanto, o braço da Novonor focado em engenharia e construção. A empresa presta serviços nos segmentos de construção civil pesada e de empreendimentos industriais, com atuação em transporte e logística, saneamento, energia, engenharia industrial e desenvolvimento urbano e edificações.
Sediada no Brasil, a Odebrecht Engenharia e Construção atende prioritariamente a quatro mercados: Brasil, Angola, Peru e Estados Unidos.
Antes de se chamar OEC, a companhia era conhecida como Construtora Norberto Odebrecht. A mudança de nome é um dos exemplos da estratégia de desvinculação de nome adotada pelo Grupo Odebrecht após o envolvimento da empresa na Operação Lava Jato — que prejudicou sua imagem.
Conforme mostrou o g1, foi em 2019 que a Odebrecht Engenharia passou a adotar apenas a sigla OEC. Na ocasião, a construtora também abandonou o vermelho e passou a trazer as cores verde, azul e cinza em sua nova identidade visual.
Na mesma linha estratégica, o Grupo Odebrecht anunciou em dezembro de 2022 a adoção de seu novo nome: Novonor.
A empresa afirmou à época que a mudança marcava uma “transformação”, com mudanças de “processos internos” e “métodos de atuação”, dessa vez “rigorosamente pautados pela ética, integridade e transparência”.
As alterações faziam parte de acordos que a empresa firmou com autoridades em virtude de seu envolvimento com esquemas de corrupção, em especial, a Operação Lava Jato.
Em meio à tentativa de reestruturar seus passivos financeiros, o balanço mais recente da companhia trouxe dados não muito animadores.
Em 2023, a OEC teve prejuízo líquido de R$ 741,4 milhões, ante um lucro de R$ 79,1 milhões em 2022. A empresa também registrou prejuízo operacional de R$ 125 milhões no ano passado, contra um lucro de R$ 207,3 milhões em 2022.
À época, a OEC destacou que foi fortemente impactada por fatores como a pandemia de Covid-19 e a necessidade de construir provisões (reserva de recursos para cobrir eventuais perdas financeiras).
A OEC iniciou hoje etapa formal para reestruturação de passivos e viabilização de aporte de caixa, por meio de recuperação judicial, visando a equalização da sua estrutura de capital. A iniciativa visa permitir o equacionamento da dívida e, ao mesmo tempo, incrementa seu fluxo de caixa dentro de um contexto favorável de retomada dos investimentos no setor de infraestrutura e construção pesada, que já se reflete no novo ciclo de crescimento da companhia.
A reestruturação foi concebida com perímetro restrito ao ambiente Brasil. O processo não afeta a rotina operacional dos contratos em curso ou a execução de novos. Atualmente, a OEC possui 31 obras ativas, sendo 21 no Brasil e 10 no exterior, empregando mais de 15 mil profissionais diretos e indiretos, com uma carteira de projetos assinados de US$ 4,6 bilhões, podendo superar US$ 5 bilhões no presente ano. De 2020 a 2023, a ampliação média anual da carteira de projetos foi de 60%, marca que será superada no exercício atual.
O formato para viabilizar a concessão do crédito por investidor financeiro foi o financiamento na modalidade DIP Financing (debtor-in-possession), um aporte de caixa que ocorre num ambiente protegido sob supervisão judicial. O financiamento em negociação pode chegar a R$ 650 milhões, e será destinado para: (i) equacionar o endividamento existente; (ii) reforçar o fluxo de caixa da OEC; e (iii) fomentar suas atividades, com a injeção de liquidez para financiar projetos, obter garantias e assegurar capital de giro para viabilizar a conquista de novos projetos.
Tendo em vista as negociações prévias com parte expressiva dos principais credores financeiros, a recuperação judicial poderá ser implementada de forma mais célere e controlada, em prazo inferior àquele usualmente necessário em iniciativas desse porte. “O foco central é reestruturar US$ 4,6 Bi em passivos financeiros e operacionais, além de operações antigas dentro do mesmo grupo (intercompany)”, detalha Lucas Cive, CFO da empresa.
“Esta estrutura mostrou-se como a mais apropriada para adequação dos passivos e viabilização de uma captação de novos recursos”, afirma Maurício Cruz Lopes, presidente da OEC. “A iniciativa fortalece a OEC não apenas nos projetos em andamento e na conquista de novos, como também no atendimento a credores e fornecedores”.
A formatação da reestruturação e da parceria para aporte de caixa é resultado de um amplo planejamento construído com a participação de algumas das mais experientes assessorias especializadas, como Lazard, Cleary Gottlieb, E. Munhoz Advogados, RK Partners e Stocche Forbes Advogados.
Fonte: G1.Globo